Gordura de Palma Faz Mal ou é Saudável?

 

Muitas pesquisas foram realizadas nos últimos anos sobre diversos produtos naturais com o objetivo de identificar substâncias que possam atuar de forma benéfica no organismo, tanto para auxiliar na melhoria dos processos metabólicos como para prevenir doenças. Alguns óleos vegetais são considerados funcionais por possuírem ácidos graxos e vitaminas importantes para a saúde, entre eles a gordura de palma.

No entanto, muitos pesquisadores ainda questionam se a gordura de palma faz mal ou se é saudável. Vamos conhecer o que é a gordura de palma, entender seus benefícios e propriedades e como este produto pode ser utilizado no dia a dia.

O que é a gordura de palma?

A gordura de palma é extraída de uma palmeira nativa da costa ocidental da África que foi trazida ao Brasil no século XVI. Esta palmeira se adaptou rapidamente ao clima das regiões do litoral da Bahia e do Rio de Janeiro, tornando-se muito conhecida como dendezeiro. Esta planta é de grande importância para a região Nordeste, da qual é possível se extrair a gordura de palma, que é também chamada de óleo de dendê ou óleo de palma.

A palma produz basicamente dois tipos de óleos: o óleo de palmiste e o óleo de polpa. O primeiro tipo de óleo é extraído do endosperma da semente, possuindo produtividade dez vezes menor. O óleo de polpa, por sua vez, pode ser produzido em maior quantidade e é extraído do mesocarpo do fruto. Atualmente, a Malásia e a Indonésia são os países que mais produzem a gordura de palma no mundo.

Em 2010, de acordo com relatórios da Food and Agriculture Organization, estes óleos participaram de 35% de todo o consumo de óleos vegetais no mundo, desbancando seu maior concorrente, que é o óleo de soja, mostrando que o cultivo da palma e a produção de sua gordura são bastante interessantes dentro do agronegócio. Em função deste crescimento e do aumento do consumo deste produto, muitos pesquisadores passaram a questionar se a gordura de palma faz mal ou se é saudável.

A gordura de palma é extraída do fruto do dendezeiro, contém ácidos graxos saturados, com 40% a 48% de ácido palmítico e 4% a 6% de ácido esteárico, além de conter uma porção de ácidos graxos insaturados, com 36% a 44% de ácido oleico (também conhecido como ômega 9) e 6% a 12% de ácido linoleico (também conhecido como ômega 6). Em proporções menores estão os ácidos graxos láurico, mirístico, palmitoleico, linolênico (também conhecido como ômega 3), araquídico, eicosenoico, entre outros.

A gordura de palma é ainda excelente fonte de vitamina E, além de conter muitas substâncias antioxidantes como os tocoferois e os tocotrienois. Ela também é rica em betacaroteno, uma importante fonte de vitamina A. Mesmo contendo tantas propriedades, ainda fica o questionamento: a gordura de palma faz mal ou se é saudável? Isso principalmente porque muitos estudos mostram que os alimentos contendo gorduras saturadas podem contribuir para o aumento do colesterol ruim (LDL).

Em função disto, pode também acontecer um aumento na quantidade de triglicerídeos, impactando no crescimento dos riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Apesar de existirem dúvidas, não existem indícios científicos de que a gordura de palma faz mal à saúde e ela possui muitas propriedades que podem promover a melhoria da saúde. Veja, a seguir, alguns dos inúmeros benefícios da gordura de palma:

1. Previne o envelhecimento precoce

A gordura de palma contém vitamina E, que é uma substância com alto poder antioxidante. Esta vitamina é responsável por bloquear a ação dos radicais livres, ajudando a evitar o processo de envelhecimento do organismo. Esta vitamina também ajuda a prevenir muitas doenças degenerativas, além de proteger a membrana plasmática das células, contribuindo para o bom funcionamento de todo o organismo.

2. Ajuda a melhorar a saúde da visão

O óleo de palma é rico em betacaroteno, um carotenoide que atua como precursor da produção de vitamina A no organismo. Outros carotenoides como o licopeno, a luteína e a zeaxantina não podem ser convertidos em vitamina A, tornando o betacaroteno muito importante na alimentação.

A vitamina A, por sua vez, faz parte da formação das glicoproteínas e é essencial na melhoria da saúde da visão, pois ajuda a proteger a córnea, que é a parte do olho que concentra e transmite a luz que entra no olho. A deficiência de vitamina A pode causar dificuldade em enxergar nos locais com luz fraca, causando alterações oculares, podendo, inclusive, em casos mais extremos, levar à cegueira total.

3. Melhora a saúde da pele e dos cabelos

A gordura de palma tem alto poder hidratante e umectante, podendo melhorar de forma significativa o aspecto da pele. Esta gordura também é excelente para os cabelos, ajudando na recuperação dos fios e selando as cutículas, podendo ser usada no tratamento dos cabelos ressecados e danificados. A gordura de palma é muito utilizada em produtos na área cosmética, como cremes, condicionadores e hidratantes para o corpo.

4. Estimula as funções cerebrais

Diversos estudos mostram que os tocotrienois presentes na gordura de palma podem aumentar a proteção das estruturas dos neurônios. Desta forma, esta gordura tem a propriedade de estimular as funções cognitivas, auxiliando na prevenção de lesões cerebrais e reduzindo os riscos do desenvolvimento de inúmeras doenças. Isto mostra o quanto a gordura de palma é saudável para diferentes partes do corpo humano.

5. Ajuda na redução de peso

Algumas pesquisas mostram que a gordura de palma estimula a oxidação das gorduras, pois esta contém ótimas quantidades de ácidos graxos ômega 6 e 9 em sua composição. Estes ácidos graxos ajudam no controle hormonal e, desta forma, podem ter impacto positivo no aumento da saciedade. Além disso, os ácidos graxos ômega 6 e 9 auxiliam no processo de quebra das gorduras, favorecendo, assim, a redução de peso.

6. Ajuda na prevenção do câncer

Uma alimentação rica em alimentos contendo antioxidantes é um dos grandes segredos para se ajudar na prevenção de diversas doenças, entre elas o câncer. As substâncias antioxidantes servem como um estudo para o organismo, evitando a multiplicação de células danificadas que podem vir a formar tumores. A gordura de palma é saudável e rica em tocoferóis, que possuem um alto poder antioxidante.

7. Melhora a saúde dos ossos

A gordura de palma é rica em vitamina D, que é fundamental para melhorar a saúde dos ossos. A deficiência deste nutriente pode causar doenças como o raquitismo em crianças e a osteomalacia, quando os ossos ficam menos densos, no caso dos adultos. A falta de vitamina D pode levar a uma redução da disponibilidade do cálcio no organismo.

8. Antiviral e antisséptico natural

A gordura de palma é um excelente aliado para o tratamento de infecções em geral, funcionando como um antisséptico natural para limpar as feridas. A gordura de palma ajuda a proteger a pele da entrada de bactérias, ajudando a eliminar aquelas que já se instalaram. Além disso, esta gordura tem a capacidade de evitar o crescimento de vírus.

Quais os riscos e quando o óleo de palma faz mal para a saúde?

Apesar de o óleo de palma ser livre de gordura trans, ele também é rico em gorduras saturadas. Estas gorduras representam um risco significativo para a saúde cardiovascular.

Em artigo publicado no Healthline, a nutricionista Franziska Spritzler afirmou que ainda que a maioria das pesquisas apontem para um efeito protetivo e que o óleo de palma é saudável para o coração, outros indicaram resultados conflitantes neste sentido.

A nutricionista mencionou um estudo (do ano de 2009, realizado por um pesquisador da Tailândia, ao lado de seus colegas) conduzido em mulheres com colesterol elevado que demonstrou que os níveis do colesterol ruim ou LDL pequeno e denso – um tipo de colesterol associado à doença cardíaca que também é chamado de sdLDL – aumentaram na presença do óleo de palma e diminuíram na presença de outros óleos.

Entretanto, quando houve uma combinação entre o óleo de palma e o óleo de farelo de arroz, foi registrada uma redução nas taxas do colesterol sdLDL.

Spritzler citou ainda outra pesquisa – do ano de 2016, feita por cientistas da Malásia e do Japão – que apontou que o sdLDL não foi alterado no grupo que consumiu o óleo de palma, enquanto as partículas grandes do colesterol ruim ou LDL aumentaram.

“Partículas grandes do LDL (colesterol ruim) são consideradas menos prováveis de causar ataques no coração do que as partículas pequenas e densas do LDL”, afirmou a nutricionista.

Ela também relatou que existem outros estudos que indicam elevações nos níveis do colesterol ruim ou LDL em decorrência do consumo de óleo de palma. No entanto, segundo Spritzler, nesses estudos os tamanhos das partículas de LDL não foram medidos.

“É importante notar que esses são apenas fatores de riscos potenciais e não evidências de que o óleo de palma faz mal realmente e pode causar doença no coração. Entretanto, um estudo com animais sugeriu que o consumo do óleo que foi repetidamente reaquecido pode causar depósitos de placa nas artérias por conta de uma diminuição na atividade antioxidante do óleo”, ponderou a nutricionista.

Conforme Spritzler, quanto ratos consumiram comida com óleo de palma que havia sido reaquecido 10 vezes, eles desenvolveram grandes depósitos de placa arterial e outros sinais de doença no coração ao longo de seis meses, enquanto os ratos que receberam o óleo de palma fresco não desenvolveram esse tipo de problema.

O óleo de palma refinado

Em 2016, a European Food Safety Authority (EFSA) levantou preocupações em relação aos altos níveis de uma substância conhecida como 3-MCPD, que é encontrada no óleo de palma refinado e poderia representar riscos para os rins e para o sistema reprodutor masculino, de acordo com informações do site Metro.

Conforme a publicação, suspeita-se que o 3-MCPD possa ser carcinogênico, porém, ocorreram algumas mudanças nas diretrizes da EFSA, promovendo o aumento dos níveis de consumo seguro desta substância.

A perda de nutrientes e a oxidação

Outra questão é que o óleo de palma bruto é muito rico em betacaroteno e vitamina E, porém, quando este é refinado ou quando passa por um processo de aquecimento ou modificação, ele perde muitos benefícios e nutrientes.

Além disso, para ser utilizado na indústria, o óleo de palma fica em um estado oxidado, sendo muito útil industrialmente, mas sua oxidação pode causar diversos tipos de intoxicação no organismo.

O favorecimento ao aumento do peso corporal 

A nutricionista e bacharela em ciência alimentar Marie Dannie afirmou que o óleo de palma é naturalmente composto por uma substância chamada de ácido palmítico, que pode aumentar as chances de ganho de peso e obesidade.

De acordo com a bacharela em ciência alimentar, uma pesquisa de 2005, que apareceu no American Journal of Clinical Nutrition, estudou os efeitos gerais de uma alimentação rica em ácido palmítico em jovens adultos.

“O estudo identificou que um aumento na ingestão de ácido palmítico gerou menores taxas de oxidação de gordura e uma diminuição no metabolismo. Como resultado, os pesquisadores concluíram que uma dieta rica em ácido palmítico pode aumentar as chances da obesidade e da resistência à insulina”, declarou a nutricionista Marie Dannie.

Os problemas ambientais

O óleo de palma pode os problemas à saúde referidos acima e também pode trazer problemas ambientais, pois o cultivo do óleo de palma está reduzindo o tamanho de diversas florestas que abrigam muitos ecossistemas. Estas florestas são queimadas frequentemente para que novas mudas da planta produtora de óleo de palma sejam plantadas. Além disso, a fumaça da queima emite uma quantidade enorme de CO2 na atmosfera, que pode também prejudicar a saúde de muitas pessoas.

A nutricionista Franziska Spritzler destacou que é previsto que o desmatamento tenha efeitos devastadores em relação ao aquecimento global e que a destruição de paisagens nativas provoca mudanças no ecossistema que ameaçam a saúde e a diversidade da fauna selvagem.

“Também houve relatos de violações dos direitos humanos por corporações do óleo de palma, como liquidar terras e florestas sem permissão, pagar salários baixos, prover condições de trabalho inseguras e reduzir significativamente a qualidade de vida”, completou Spritzler.

A boa notícia, segundo a nutricionista, é que existem alternativas mais éticas e sustentáveis para a produção do óleo. Tanto que, no ano de 2015, uma análise identificou que limitar a expansão de novas plantações de óleo de palma para áreas sem floresta com baixos estoques de carbono poderia reduzir a emissão de gases com efeito estufa em até 60%, afirmou Spritzler.

Ela também citou a Roundtable on Sustainable Palm Oil (Mesa Redonda para o Óleo de Palma Sustentável, tradução livre, RSPO, sigla em inglês), uma organização que visa tornar a produção de óleo de palma a mais ecologicamente correta, culturalmente adaptada e sustentável possível.

Mas então, qual óleo é mais saudável?

Um relatório do Center of Science in the Public Interest (Centro de Ciência no Interesse Público, tradução livre) apontou que o óleo de palma é saudável, mais do que o óleo vegetal parcialmente hidrogenado, porém, menos saudável do que óleos como o azeite de oliva.

A nutricionista e bacharela em ciência alimentar Marie Dannie destacou que é devido ao fato de o óleo de palma ser rico em gorduras saturadas que ele é considerado uma alternativa de óleo menos saudável do que óleos vegetais naturalmente líquidos em temperatura ambiente, como o azeite de oliva e o óleo de girassol não hidrogenado.

Conclusão

A gordura de palma é extraída do fruto do dendezeiro e contém diversos nutrientes em sua composição, possuindo ácidos graxos saturados, ácidos graxos não saturados, além de ser rica em vitaminas e substâncias antioxidantes, podendo promover inúmeros benefícios à saúde. Por outro lado, a gordura de palma faz mal à saúde e ao meio ambiente em alguns aspectos e há algumas alternativas que parecem ser mais saudáveis, como o azeite de oliva.

Você já tinha ouvido falar que a gordura de palma faz mal? Tem costume de consumir este óleo em sua cozinha? Comente abaixo!

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