A vida corrida e as facilidades do mundo moderno permitiram que a carne processada ganhasse espaço e frequência na nossa alimentação. Algumas pessoas escolhem consumir carnes processadas pelo sabor, outras pela variedade, mas a maioria opta por causa da conveniência e praticidade que ela oferece.
Esteja ciente que consumir excessivamente carnes processadas terá impactos relevantes para a sua saúde em um futuro muito próximo, então, ser mais inteligente na hora de escolher os alimentos das suas refeições contribuirá significativamente para a sua qualidade de vida e para um envelhecimento mais saudável. Abaixo, vamos conferir exatamente o que é carne processada e se ela faz mal para a saúde ou não.
O que é carne processada?
A carne processada é um método de preparação usado há séculos, criado muito antes dos refrigeradores como uma alternativa para preservar os alimentos por mais tempo, garantindo sua disponibilidade por longos períodos.
De forma simples para explicar o que é carne processada, podemos dizer que são aquelas que foram alteradas a partir do seu estado original. Elas passam por essa transformação para prolongar o seu tempo de vida ou modificar o sabor. Os processos mais conhecidos são a salga, cura, fermentação, fumo, moagem e até mesmo a modificação para acrescentar sal, açúcar, gorduras e conservantes.
A carne processada faz mal para a saúde?
A carne processada tem sido considerada prejudicial à saúde e frequentemente associada ao aparecimento de algumas doenças crônicas, entre elas:
– Hipertensão e doenças cardíacas
As carnes processadas são repletas de gorduras saturadas, colesterol, conservantes e cloreto de sódio, todos muito nocivos para a nossa saúde. O cloreto de sódio, mais conhecido como sal, é usado como um conservante, além de acrescentar mais sabor aos alimentos. Um estudo publicado pela revista BMC Medicine evidencia que o consumo excessivo desses alimentos contribui com uma ingestão de sal muito maior do que a necessária.
Outro estudo, esse realizado por pesquisadores da Escola de Saúde Pública de Harvard (HSPH), diz que esse excesso aumenta em 42% o risco de desenvolver doenças como a hipertensão e doenças cardíacas.
– Diabetes tipo 2
O mesmo estudo realizado por pesquisadores da Escola de Saúde Pública de Harvard (HSPH) mostram que comer frequentemente carne processada pode aumentar no nosso organismo a intolerância a glicose e resistência à insulina elevando em 19% o risco de desenvolver diabetes do tipo 2.
– Câncer
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou as carnes processadas como cancerígenas do grupo 1, categoria que também inclui cigarros, amianto e fumaça de diesel. Isso indica que comer esse tipo de alimento pode causar câncer em humanos, principalmente no intestino e estômago.
Comer 700 gramas de carne vermelha semanalmente pode aumentar o risco de câncer e esse percentual pode crescer em 1,18 vezes se 50 gramas da quantidade consumida diariamente forem de carnes processadas.
Conservantes
É fato que a carne processada contém muitos produtos químicos nocivos que não estão naturalmente presentes na carne fresca. Os mesmos são inseridos no preparo para dar sobrevida a ela e são os principais responsáveis por desencadear as doenças. Veja a seguir alguns tipos comumente encontrados nas carnes processadas.
– Cloreto de sódio
O cloreto de sódio, popularmente conhecido como sal, é inserido as carnes processadas para preservar o seu tempo de vida e atribuir sabor. Além das propriedades de conservação, o sódio também ajuda a ligar os ingredientes, aumentar a cor, o sabor, funciona como um estabilizador e permite uma abordagem mais econômica para as empresas que fabricam esses produtos.
– Compostos N-nitroso
Os compostos N-nitroso são formados de nitrito (nitrito de sódio) e adicionados aos produtos da carne processada. Ele é utilizado como aditivo para preservar a cor vermelha da carne, melhorar o sabor e evitar a proliferação de bactérias, diminuindo o risco de intoxicação alimentar.
O nitrito da carne processada pode se transformar em compostos prejudiciais principalmente quando expostos a altas temperaturas, como as usadas para grelhar ou fritar os alimentos, e esses compostos estão associados ao desenvolvimento de doenças como o câncer.
– Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (PAHs)
Os PAHs são uma grande classe de substâncias que se formam quando a matéria orgânica é queimada. Eles são levados para o ar com fumaça e se acumulam na superfície dos alimentos defumados, assados ou grelhados. Os PAHs são formados pela queima de madeira ou carvão, gordura queimada em uma superfície quente ou através da própria carne quando ela é queimada ou carbonizada.
Por esse motivo, as carnes defumadas podem estar repletas de Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos. Estudos realizados em animais mostraram que alguns HPAs podem causar câncer.
– Aminas heterocíclicas (HCAs)
Os Aminas heterocíclicas (HCAs) são compostos químicos frequentemente encontrados em bacon frito, salsichas e hambúrgueres de carne processada. Eles se formam quando a carne é submetida a altas temperaturas como as fritas ou grelhadas, sendo assim é possível minimizar esses efeitos preparando o alimento no vapor ou com cozimento em fogo baixo.
Tipos mais comuns de carnes processadas
Agora que sabemos o que é carne processada, podemos entender quais são os tipos mais encontrados facilmente – as frescas (que sofreram processo de transformação), como bacon, salsicha, linguiça, charque, presunto, mortadela, salame, patê, carnes enlatadas, caldos concentrados entre outros.
A maioria das pessoas reconhece como carne processada apenas as carnes derivadas de porco e a bovina, mas essa categoria também pode incluir as carnes brancas como frango, peixe, peru e pato e miudezas ou subprodutos da carne, como o sangue. Por outro lado, as carnes que sofreram um processo de congelamento ou corte não são consideradas processadas, pois não sofreram modificação na sua forma original.
Alguns alimentos como os citados acima são frequentes em nossas refeições, sendo assim é interessante conhecer um pouco mais sobre a sua composição e possíveis riscos para a saúde.
1. Bacon
As carnes processadas são inimigas do seu coração e da sua silhueta. Estudos mostram que o bacon foi associado ao risco elevado de desenvolver doenças cardíacas, devido ao seu alto teor de gordura, sal e compostos químicos como o nitrato.
2. Embutidos (presunto, mortadela, peito de peru, peito de frango e salame)
Recheios frequente de sanduíches, como presunto, mortadela, peito de peru, peito de frango, salame, copa, entre outros, são conservados com sal, açúcar, conservantes e outros componentes químicos. Consumir frequentemente esses alimentos eleva os riscos de desenvolver câncer colorretal.
Para reduzir o consumo de embutidos como este você, pode fazer trocas inteligentes. Substitua os “frios” por carnes naturais com baixo teor de sódio, gorduras e conservantes.
3. Charque
Conhecida também como carne seca ou carne curada, o charque é muito acessível e utilizado em muitos preparos. A quantidade de sódio, conservantes, açúcar e gordura saturada presente pode trazer malefícios para a saúde.
Na hora de escolher, opte por uma carne de qualidade, pois é mais provável que ela não contenha nitrato, nitritos e um teor mais baixo de gorduras e açucares. Além disso, seu consumo deve ser esporádico.
4. Salsicha
Item obrigatório do cachorro quente, a salsicha pode trazer sérios riscos para a saúde, como o desenvolvimento de diabetes e doenças cardíacas, além de aumentar as taxas de câncer colorretal. Os responsáveis são o sal, compostos químicos (nitrato e nitrito) e gorduras saturadas.
5. Nuggets
A carne de frango não é o ingrediente principal dos nuggets. Geralmente, eles são compostos de ossos de galinha, gordura, vasos sanguíneos, nervos, tecidos e carne.
Em vez de comer nuggets industrializados, prepare o seu nugget caseiro. Corte a carne de frango em pedaços pequenos, ou passe pelo processador, adicione temperos e empane com migalhas de pão e leve ao forno para assar. Você também pode experimentar essa receita de nuggets de couve-flor.
6. Linguiça calabresa
A linguiça calabresa é um recheio muito comum de pizzas e sanduíches, porém ela é cheia de sódio, açúcar, gorduras saturadas, conservantes e consequentemente muitas calorias. Opte por coberturas de pizzas mais naturais como aquelas recheadas com vegetais frescos, tomates, manjericão ou azeitonas.
7. Hambúrgueres processados
Aqueles hambúrgueres prontos comprados no supermercado ou encontrados no lanche de restaurantes de fast food são geralmente feitos com carne de baixa qualidade. São repletos de gordura saturada, sódio e conservantes.
Assim como os nuggets, você pode preparar o seu próprio hambúrguer caseiro saudável. Compre uma carne fresca de qualidade, corte em pedaços pequenos ou passe pelo processador. Adicione temperos frescos de sua preferência e sal a gosto e modele no formato de hambúrgueres.
8. Carne enlatada
As carnes enlatadas contêm muita gordura e conservantes e passam por uma ou várias etapas de transformação. Sempre que for consumir carne, opte pela versão fresca.
Hábitos simples para reduzir o consumo de carne processada
Tendo o conhecimento sobre o que é carne processada e como ela faz mal à nossa saúde, é importante ter consciência de que mudanças nos hábitos diários podem reduzir consideravelmente o consumo dessas carnes processadas e proteger nossa saúde.
- Reconheça que a mudança é importante: A primeira coisa a fazer é reconhecer a importância da mudança e os benefícios para a sua saúde, pois se você não acreditar verdadeiramente, terá muito mais dificuldades de mudar os seus hábitos.
- Organize as suas compras: Faça uma lista de compras e destaque os que é carne processada ali. Veja quais desses produtos podem ser substituídos por alimentos frescos e faça a troca.
- Opte por carnes frescas: Vale comprar cortes frescos de carne bovina, suína, aves, peixes, ou qualquer outra que esteja livre de agentes nocivos como os encontrados nas processadas.
- Faça sua própria comida: Preparar suas refeições em casa é uma das melhores alternativas para manter a sua saúde, pois além de ter um sabor muito melhor, você saberá exatamente quais ingredientes foram inseridos no preparo, evitando qualquer surpresa.
- Leia os rótulos: Crie o hábito e aprenda a ler o rótulo nutricional dos alimentos processados e embalados e evite aqueles com mais sódio. Você perceberá que alguns podem conter 25%, 40% ou mais do que a ingestão diária recomendada de sódio.
- Diminua o tamanho das porções: Se você come aquele hambúrguer com várias carnes, troque por um simples, com apenas uma. Você estará diminuindo a quantidade de carne processada ingerida. Antes de cada refeição, verifique a quantidade de carne processa presente e busque opções para reduzir.
- Faça trocas inteligentes: Mude o sabor da pizza, opte por aquela com mais vegetais e ingredientes saudáveis, reduza a quantidade de vezes que o cachorro quente é consumido no mês, tire o bacon do feijão e mude o recheio do sanduíche por ingredientes mais saudáveis como carne fresca. Pequenas mudanças podem afetar consideravelmente a quantidade de carne processada que você está ingerindo.
Mudar é preciso, mas quem disse que é fácil? Se após ler essas dicas você está decidido a diminuir o consumo de carnes processadas da sua alimentação, esteja ciente de que escorregar e ceder em alguns momentos pode acontecer. Porém, não desista, siga firme com o seu objetivo e você verá quantos benefícios a mudança trará para a sua saúde.